Advogado diz ter sido impedido de atuar em julgamento por estar com roupas do candomblé
O advogado Gustavo Coutinho diz ter sido impedido de entrar no TJ-DF (Tribunal de Justiça) do Distrito Federal, na quarta-feira (28) passada, por estar usando trajes de sua religião de matriz africana, o candomblé.
Ele disse que entrou para participar de uma audiência e quando chegou seu momento de fazer uma sustentação à Corte, foi interrompido pelo relator do processo, que solicitou uma “questão de ordem”.
“O desembargador em questão iniciou várias argumentações para o qual eu não podia falar, mas inicialmente, citando o rendimento, dizendo que a roupa do advogado deve ser compatível com a liturgia e deve ser compatível com o respeito à Corte, que pôr aquela razão (eu) estaria desrespeitando. Por óbvio, (ele disse) à Corte, que ele era muito católico, mas que não trazia aquelas questões para o tribunal, e que não se tratava de preconceito religioso ou racial, no entanto aquilo não era lugar para isso, que não era um lugar para essas questões. Portanto, não poderia falar porque minhas roupas eram inadequadas e era um desrespeito à Corte”, contou o advogado.
Coutinho disse que o desembargador comparou a situação com a de outro defensor, que fez sua sustentação enquanto dirigia, via aplicativo de conversa. O desembargador ainda perguntou, disse o advogado, por quanto tempo ele usaria aquelas roupas, que é o período de resguardo – uma das regras de iniciação do candomblé.
“Ele propôs que o julgamento fosse adiado ou que eu poderia mandar um áudio para o WhatsApp, por que o advogado que fez este seu horário quando estava dirigindo o fez assim, mandou um áudio por WhatsApp para a Corte. Mas enquanto eu estivesse vestido daquele jeito eu não poderia falar. Os desembarcadores votaram nesse dia para que não houvesse prejuízo para o nosso cliente, minha colega fez a sustentação oral. E bom, finalizamos assim esse momento”, afirmou Coutinho.
O advogado do Distrito Federal disse que vai acionar o Conselho Nacional de Justiça e também a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
A CNN entrou em contato com o TJ-DF para ter um posicionamento sobre o ocorrido, mas o órgão ainda não respondeu.
(Com informações de Dayres Vitória e publicado por Carolina Farias)
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