caíram cápsulas na minha cabeça e no meu pescoço, diz Élcio em delação
Durante a delação premiada firmada com a Polícia Federal (PF) e Ministério Público, o ex-policial militar Élcio Queiroz descreveu o momento do homicídio de Marielle Franco, alegando que quem fez os disparos foi o motorista do carro em que Ronnie Lessa, acusado como assassino da vereadora.
“Da rajada, começou a cair umas cápsulas na minha cabeça e no meu pescoço; (inaudível) quem pensa que silencioso… mas faz um barulho danado, não tinha nem noção; quem pensa que é pouco barulho… mas é muito barulho; aí caíram as cápsulas em mim e ele falou “vão bora”; eu nem vi se acertou quem, se não acertou”, relatou.
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A partir da delação de Queiroz, foram realizadas ações de busca e apreensão e mais um suspeito foi preso: o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, dito pelo ex-PM como responsável por fazer “campana” e seguir os passos de Marielle, além de levar o carro usado no crime para um desmanche.
Ele ainda citou o ex-sargento da PM Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como “Macalé”, como quem contratou Ronnie Lessa. O ex-militar, entretanto, foi morto em 2021, no Rio de Janeiro.
Ainda assim, em entrevista exclusiva à CNN nesta segunda-feira (24), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que foi dado um passo significativo para descobrirem o mandante do caso.
O crime ocorreu em 14 de março de 2018. O carro de Marielle e Anderson foi alvejado com 13 tiros de uma submetralhadora HK MP5. A vereadora foi atingida por quatro tiros na cabeça, e o motorista, por três. Os dois morreram no local.
Veja principais pontos da delação de Élcio Queiroz
A relação de amizade Élcio e Lessa
- Disse que teve dificuldades financeiras, que perdeu a renda e fazia somente bicos;
- Que Ronnie o ajudou muito, que eram amigos há 30 anos;
- Que Ronnie tinha uma boa situação financeira;
- Que Ronnie tinha quiosques em uma favela de Manguinhos, mas que nunca viu;
- Que Ronnie mexia com “gato net” (rede ilegal de TV por assinatura) e uma pessoa passava uma renda mensal para ele, e máquinas caça-níqueis;
- Que Maxwell (bombeiro) era sócio de Ronnie Lessa nesse “gato net” na favela de Manguinhos;
- Que tem uma dívida de gratidão com Ronnie Lessa;
Sobre o crime
- Que o carro usado no crime havia sido recuperado por Ronnie de uma apreensão;
- No réveillon de 2017 para 2018, houve a primeira conversa com ele sobre a morte de Marielle;
- Que Ronnie Lessa disse que “tinha um trabalho a fazer e o alvo seria uma mulher”. Que o bombeiro Maxwell já estava de campana;
- Que o Maxwell seria o motorista, Ronnie no banco do carona com uma metralhadora, foi essa a situação que me passou;
- Que a arma do crime pertencia ao BOPE, Batalhão de Operações Especiais. Houve um incêndio no BOPE e algumas armas foram extraviadas;
- Disse que só soube que o alvo era Marielle no dia;
- “Ela apareceu, o motorista estava ali em pé com telefone na mão. Alguma atitude do Ronnie naquele momento deu a entender que ele sabia, conhecia o motorista ou o carro que ela ia embarcar, alguma coisa assim;
Momento do crime
- “Da rajada, começou a cair umas cápsulas na minha cabeça e no meu pescoço; (inaudível) quem pensa ‘que silencioso’…mas faz um barulho danado, não tinha nem noção; quem pensa que é pouco barulho… mas é muito barulho; aí caíram as cápsulas em mim e ele falou ‘vão embora’; eu nem vi se acertou quem, se não acertou”;
- Nesse momento dos disparos, o Ronnie já tinha colocado a balaclava pra esconder;
Depois do crime
- Deixaram o carro na casa do irmão Dênis Lessa e pegou um táxi;
- Ele achou que “só” Marielle tinha morrido. Quando soube que o motorista Anderson Gomes tinha morrido também, ele disse: “que merd*”;
- A intenção era matar “só” Marielle;
- “Eu nem vi o rosto dele, eu parei paralelo, pode ser que o disparo atravessou o vidro”;
- “No final das contas, eu fiquei bêbado”;
No dia seguinte
- Trocaram a placa do carro;
- Ronnie Lessa enviava mensagem por outro programa de mensagem para não ligar a casa de Élcio Queiroz à antena. Ele avisava que estava chegando muito tempo antes;
- “Ele sempre se precaveu”;
- Ronnie disse que tinha que sumir com o carro, não deixar DNA;
(Postado por Tiago Tortella)