Casal espancado após furto em supermercado está sendo ameaçado, diz advogado
O advogado que representa o casal que apanhou após um suposto furto de leite em pó em um supermercado de Salvador (BA) afirma que as vítimas estão sendo ameaçadas pelos seus agressores.
“Os sete agressores estavam armados e eram contratados pelo mercado para fazer segurança. Eles agora estão ameaçando as vítimas”, denunciou o advogado Walisson dos Reis Pereira da Silva.
Em um áudio enviado para o advogado e compartilhado com a CNNa mulher, de 27 anos, contou que está com medo de retaliação.
“Estão dizendo que já sabem onde é meu trabalho e que é para a gente sair de onde está agora, porque os caras que foram demitidos podem fazer alguma coisa com a gente. Aí, agora, a gente vai andar sempre com medo, porque não sabe quem é quem… Estavam todos armados”, disse ela.
O caso ganhou repercussão depois que um vídeo divulgado nas redes sociais mostra um homem e uma mulher, ambos negros, sendo agredidos do lado de fora do estabelecimento, após a suspeita de furto. O caso ocorreu na última sexta-feira (5).
Nas imagens, os dois jovens são xingados e levam tapas no rosto. Os agressores não aparecem no vídeo, mas é possível ouvir as vozes deles.
Ao advogado, o rapaz que aparece no vídeo confessou que o furto aconteceu, mas por necessidade.
“Eu estava passando necessidade dentro se casa, entendeu? Aí você sabe como que é: quando é de manhã, nada para comer; deu meio-dia, nada para comer… com uma criança dentro de casa, devendo aluguel já há dois meses… Eu sei que estou errado, mas foi por isso aí: eu estou com uma criança pequena, devendo dois meses de aluguel, e o dono já pedindo a casa… sem ter para onde ir”, disse o jovem, que tem 19 anos.
“Eu sei que o que eu estava fazendo estava errado. Mas o que ele deveria ter feito era ter levado a gente para a delegacia, e foi o que ele não fez. Espancou a gente. A gente foi ameaçado por eles. Disseram que iam matar a gente”, lembrou a vítima da agressão.
Segundo Walisson, o casal deve prestar depoimento na delegacia na próxima quinta-feira (11).
O mercado onde o caso aconteceu faz parte da rede Carrefour. A empresa se manifestou dizendo que o agressor não é funcionário da loja, mas que, mesmo assim, uma denúncia foi feita na Polícia Civil da Bahia.
A empresa ainda afirmou que a liderança responsável pelo local foi desligada e que o contrato com a companhia que fornecia o serviço de segurança externa foi rompido.
Além disso, a rede de mercados afirmou que está tentando contato com as vítimas da agressão a fim de oferecer apoio de saúde e psicológico. Informação não confirmada pelo advogado. “O casal não foi procurado por ninguém do Carrefour”, disse.
Em nota, a Polícia Civil da Bahia afirmou que instaurou inquérito policial para apurar as agressões e torturas. Testemunhas estão sendo ouvidas, e investigadores buscam imagens de câmeras de segurança para identificar os agressores.
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