Desmatamento na Amazônia cai, mas no Cerrado segue em alta, segundo Inpe

Desmatamento na Amazônia cai, mas no Cerrado segue em alta, segundo Inpe

A área sob alerta de desmatamento na Amazônia sofreu uma queda de 33,6% nos seis primeiros meses de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado. Já o desmatamento no Cerrado aumentou em 21%.

Os dados são do Deter, sistema de detecção de desmatamento em tempo real por meio de satélite, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O apanhado do primeiro semestre de 2023 foi apresentado pelo Ministério do Meio Ambiente nesta quinta-feira (6).

Na Amazônia, em comparação com junho de 2022, houve queda na área sob alerta de desmatamento em 41% em junho deste ano. Nos primeiros seis meses de 2023, foram identificados 2.649 km² em área desmatada. O índice já vinha diminuindo desde janeiro.

Para a pasta, a curva de aumento do desmatamento nos últimos anos foi revertida. “Nós atingimos o primeiro objetivo fundamental que foi reverter a tendência de alta e hoje nós temos claramente uma tendência de queda, que vai mostrar sua força para reduzir a taxa no mês de julho”, explicou o secretário-executivo do Meio Ambiente, João Capobianco.

Os dados de junho são mais confiáveis do que os outros meses porque a quantidade de nuvens é menor, devido à seca, e o satélite consegue captar com maior exatidão as áreas desmatadas, explicou Capobianco. A tendência é que, em julho, o número seja menor.

Para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a queda dos índices de desmatamento na Amazônia se deve a “um conjunto de ações de comando e controle” que vai desde o aumento da fiscalização até uma ação coordenada com os estados. “É um processo de dissuasão que vem sendo feito mostrando que não haverá conivência com a criminalidade”, afirmou a chefe da pasta.

Já no Cerrado, quando comparado com o mesmo mês no ano passado, a área desmatada sofreu uma queda de 14,6% em junho de 2023. Entretanto, os dados somados do primeiro semestre — 2.208 km² de área desmatada — mostram um aumento de 21% em comparação à média dos últimos anos.

Para o ministério, a necessidade de ações voltadas para o Cerrado se tornou tão urgente quanto para a Amazônia. Em julho, está previsto o lançamento do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento no Cerrado (PPCerrado), semelhante ao PPCDam — referente à Amazônia Legal.

As iniciativas são pacotes de medidas para aumentar as políticas de proteção ambiental. O PPCDam foi relançado em 5 de junho pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pela ministra, mas foi criado no primeiro governo do petista.

Marina considera o resultado do desmatamento no Cerrado positivo diante do contexto. “Não vamos nos esquecer que no mês passado nós registramos uma tendência preocupante de alta e agora, com articulação e com o governo dos estados que mais desmatam o cerrado, já identificamos uma queda de 14% e uma sinalização de um trabalho conjunto na mesma direção”, disse a ministra.

Ao término da coletiva, Marina também fez referência a governos anteriores e aos conflitos com a pasta. “A gente voltou a ter transparência, ninguém fica brigando com os dados do satélite, escondendo satélite, querendo demitir o presidente do Inpe se o dado não é correto. O que nós estamos fazendo é mostrando com transparência o que está acontecendo no território.”

O Deter produz um levantamento rápido de alertas de evidências de alteração da cobertura vegetal na Amazônia e no Cerrado. Apesar de não medir com precisão as áreas desmatadas, apresenta as tendências de evolução do desmatamento. Os dados exatos são reunidos pelo Prodes, também uma iniciativa do Inpe, anualmente.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *