“Ele deveria ter esperado socorro”, diz família de desaparecidas em helicóptero
A irmã de uma das pessoas desaparecidas com o helicóptero que saiu do Campo de Marte, na capital paulista, com destino a Ilha Grande, no litoral, no domingo (31) considera que houve falha de avaliação do piloto durante o percurso. Para a irmã de Luciana Rodzewics e tia de Letícia Ayumi, duas passageiras desaparecidas, o piloto Cassino Tete Teodoro deveria ter esperado o socorro.
“Ele tentou… só que nessas horas a gente não pode tentar. Tem coisas que a gente pode tentar: aqui, no chão, pisando, sabendo. Agora o cara está com uma máquina. Então, ele fez errado. Ele tentou fazer o melhor, eu acho que foi a pressa, eu não sei, mas ele errou. Deveria ter ficado ali parado, esperando socorro. Ele estava no lugar seguro pelas fotos que a minha sobrinha mandou”, disse a gerente de vendas Silvia Santos.
O helicóptero chegou a fazer um pouso de emergência antes de seguir o trajeto e perder o contato com o heliponto de destino. Letícia enviou ao namorado mensagens e fotos que mostram que o grupo desceu em uma área de mata, devido ao mau tempo.
O piloto também chegou a fazer ligações para o heliponto ao qual se dirigia, relatando dificuldades para cruzar a serra. O último contato foi por volta das 15 horas.
Piloto investigado
Cassino Tete Teodoro, responsável pelo helicóptero, tem uma investigação por voos irregulares e chegou a ter a licença para voar cassada, por dois anos, entre outros motivos, por evasão de fiscalização, fraudes em planos de voos e práticas envolvendo transporte aéreo clandestino.
Em outubro de 2023, após o prazo máximo legal para a penalidade administrativa de cassação, Cassiano obteve nova licença com habilitação para Piloto Privado de Helicóptero (PPH) e retornou ao sistema de aviação civil.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), no entanto, essa licença não dá autorização para realização de voos comerciais de passageiros. Já a aeronave estava em situação normal de aeronavegabilidade, mas também não tinha permissão para realizar serviço de táxi-aéreo. A família não descarta que esse pode ter sido o motivo para a tentativa de retomada do trajeto.
“Esse cara foi… Devia ter ficado ali, né? Com sinal (de celular)… era só mandar a localização para a polícia; ‘estamos aqui’! Foi errado”, concluiu Silvia.
O voo
Luciana, de 46 anos, e a filha, Letícia Sawunoto, de 20, receberam o convite de um amigo, identificado como Rafael, para um passeio aéreo até Ilha Bela. De acordo com Herika Torres, irmã de Rafael, o plano era apenas passar o ano novo no litoral e retornar à capital. “A intenção não era ficar lá por muito tempo”, disse à CNN.
Ela contou, ainda, que o irmão já conhecia o piloto. “Mas não tenho como confirmar como foi a contratação do voo”, explicou. As duas famílias acompanham as buscas às vítimas, que já duram três dias, e mantém a esperança de que os passageiros sejam encontradas com vida.
“Eu sinto assim que elas estão numa mata, tentando sobreviver. Mas a Letícia e a Luciana são muito fortes, são guerreiras e elas vão passar por isso. Estão só esperando ajuda: alguém decolar e pegar elas para a gente comemorar o Ano Novo”, disse Silva.
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