Entidades devem processar SP em caso de policiais que amarraram suspeito de furto

Entidades devem processar SP em caso de policiais que amarraram suspeito de furto

Entidades de defesa dos direitos humanos informaram, nesta sexta-feira (9), que devem processar o estado de São Paulo e pedir uma indenização de R$ 500 milhões pelo caso do homem que foi amarrado pelas mãos e pés por policiais militares.

“Nesse sentido, decidiram ajuizar conjuntamente uma ação civil pública em que será solicitada uma indenização do estado no valor de R$ 500 milhões, quantia a ser integralmente revertida em favor da população vulnerabilizada, além da implementação de medidas que incluirão, no mínimo, os seguintes elementos”, diz a nota divulgada oficialmente.

O pedido é assinado pela Educafro Brasil, o Centro Defesa dos Direitos Humanos Pe. Ezequiel Ramin, a Pastoral de Rua da Arquidiocese São Paulo e o Observatório da Aporofobia Dom Pedro Casaldáliga.

A nota diz ainda que as entidades “reconhecidas pela defesa dos direitos humanos, vêm a público expressar seu mais veemente repúdio diante de um chocante ato de violência policial ocorrido recentemente”.

Também nesta sexta, a Justiça de São Paulo, que converteu a prisão do suspeito em flagrante para prisão preventiva, entendeu que não há elementos que permitam concluir que houve prática de tortura, de maus-tratos ou não cumprimento dos direitos constitucionais do homem por parte dos policiais militares.

Entenda o caso

No final da noite do último domingo (4), dois homens e um adolescente teriam entrado em um mercado e furtado alguns produtos. O responsável pela loja comunicou o crime a policiais que patrulhavam a região e indicou a direção para onde os suspeitos haviam fugido.

Pouco depois, os policiais localizaram um homem de 32 anos, que estava com duas caixas de bombom, avaliadas em R$ 30,00. Ele teria sido detido pelos agentes após dizer que havia cometido o furto.

Os PMs relataram à Polícia Civil que ele apresentou resistência à prisão e não acatava às ordens deles, e, por esse motivo, foi necessário algemá-lo.

Mesmo algemado, o suspeito teria ameaçado fugir correndo e roubar a arma dos policiais. Ainda segundo o depoimento dos agentes, para contê-lo, quatro policiais seguraram o homem e amarraram seus pés com um acorda.

Em seguida, já amarrado, o preso foi levado para atendimento na UPA da Vila Mariana.

Lá, um frequentador gravou as imagens do rapaz amarrado e questionou o procedimento adotado pelos policiais, que não responderam. O autor do vídeo compareceu à delegacia para narrar sua percepção do ocorrido.

Na delegacia, o responsável pelo mercado contou que o preso já é conhecido no estabelecimento por praticar furtos e que acionou o botão de pânico quando percebeu que ele e mais dois rapazes estavam enchendo uma cesta com produtos.

Segundo o boletim de ocorrência, além dos chocolates, foram furtados outros produtos, como bebidas e alimentos, que juntos somam R$ 503.

O homem que havia sido amarrado foi preso e responderá pelos crimes de furto, resistência, ameaça e corrupção de menores. O homem e o adolescente que o acompanhavam também foram localizados, mas os demais produtos não foram recuperados.

A Polícia Militar de São Paulo informou que afastou preventivamente todos os agentes envolvidos na ocorrência, pois teriam agido em desacordo com os procedimentos operacionais padrão da instituição.

A corporação lamentou o episódio e instaurou um inquérito para apurar o ocorrido.

*publicado por Pedro Zanatta, com informações de Matheus Meirelles, da CNN.

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