Existe um pacto de silêncio entre brancos para manter privilégios, diz promotora
O caso de racismo sofrido por Vinícius Júnior no estádio do Valencia no último domingo (21) não saiu impune.
O clube espanhol foi multado e teve um setor da arquibancada fechado. O cartão vermelho recebido por Vini Jr. depois de um desentendimento com atletas do Valencia foi anulado. Além disso, sete torcedores suspeitos de terem pendurafazer um boneco enforcado do jogador numa ponte de Madri, em janeiro, acabaram presos na última terça-feira (23).
Mas a repercussão contra casos de racismo na Espanha é muito tardia, na avaliação da promotora do Ministério Público da Bahia (MP-BA) e autora do livro “Cotas Raciais”, Lívia Sant’Anna Vazque aponta que o jogador brasileiro sofreu pelo menos dez episódios de discriminação em estádios do país.
Ela alega que, desta vez, alguma providência foi tomada apenas graças à forte reação do próprio Vinícius Júnior, além das cobranças feitas oficialmente às autoridades espanholas pelo governo brasileiro. “Existe um pacto de silêncio para manter privilégios”, afirmou Lívia Sant’Anna Vaz, em entrevista à CNN Rádio. “Incomoda ter que lidar com o racismo e ter que trazer responsabilização para as pessoas que praticam e se omitem diante do racismo.”
O combate ao racismo no futebol é uma tarefa “hercúlea”, mas é possível mudar o cenário desde que haja esforço dos responsáveis pela organização do esportesegundo a promotora. “Temos que pensar em alterações das normas esportivas para previsões mais explícitas e enérgicas de sanções para os clubes. Jogos sem torcida, perda de pontos, perda do mando de campo e rebaixamento automático do clube”, exemplifica.
Além das punições aos clubes, a promotora reforça que a responsabilização criminal não pode deixar de acontecer, lembrando que o racismo pode ser enquadrado como crime de ódio na Espanha.
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