Google oferece “Simulador de Escravidão” em sua loja de aplicativos
O Google oferece em sua loja de aplicativos para o sistema Android, a “Play Store“, um “jogo” intitulado “Simulador de Escravidão”, no qual o usuário pode simular ser um proprietário de pessoas escravizadas. Denúncias contra o aplicativo começaram a repercutir nas redes sociais nesta quarta-feira (24).
A produtora responsável pelo aplicativo, Magnus Games, afirma que o usuário é capaz de “trocar, comprar e vender escravos”.
“Escolha um dos dois objetivos no início do simulador do proprietário de escravos: o Caminho do Tirano ou o Caminho do Libertador. Torne-se um rico proprietário de escravos ou consiga a abolição da escravidão. Tudo está em suas mãos”, escreve a descrição da empresa.
Em uma das modalidades oferecidas, é feita a descrição: “Use escravos para seu próprio enriquecimento. Evite a abolição da escravatura e acumule uma certa quantia em dinheiro.”
A Magnus Games alega que o “jogo foi criado exclusivamente para fins de entretenimento”. “Nosso estúdio condena a escravidão em qualquer forma. Todo o conteúdo do jogo é fictício e não está vinculado a eventos históricos específicos. Todas as coincidências são acidentais”, escreve notificação do aplicativo, conforme mostra a imagem abaixo.
De acordo com a própria plataforma do Google, o aplicativo foi lançado no dia 20 de abril deste ano e já foi baixado mais de 1 mil vezes e possui classificação indicativa “Livre”.
O próprio Google detalha, em seu siteque a classificação desta categoria para o Brasil indica que “o conteúdo é adequado a todas as idades. Por vezes, pode apresentar algum elemento de baixíssimo impacto, como violência infantilizada”.
Ainda de acordo com a plataforma, o aplicativo possui uma classificação de 4 estrelas. A nota máxima é de 5 estrelas.
“Ótimo jogo para passar o tempo. Mas acho que faltava mais opções de tortura. Poderiam estalar a opção de açoitar o escravo também”, avaliou, no dia 22 de maio, o usuário “Mateus Schizophrenic”, que deu nota 5 estrelas.
“É inacreditável que esse tipo conteúdo esteja disponível e acessível para crianças”, escreveu, no mesmo dia, o usuário Lucas Lima, que deu nota mínima ao aplicativo.
A CNN entrou em contato com o Google e a Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Games (Abragames), e aguarda retorno. A CNN tenta contatar a produtora Magnus Games.
Representação no Ministério Público
Em meio à repercussão nas redes sociais das críticas feitas ao oferecimento do aplicativo na plataforma do Google, autoridades também se manifestaram
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB) chamou de “desumano, nojento, estarrecedor e criminoso”.
“A Unegro Brasil me trouxe a denúncia. Entraremos com representação no Ministério Público por crime de racismo e levaremos o caso até as últimas consequências, de preferência a prisão dos responsáveis”, publicou no Twitter.
🚨URGENTE! DENÚNCIA CHOCANTE! A Play Store, loja de aplicativos do Android, tem um “jogo” chamado SIMULADOR DE ESCRAVIDÃO, no qual a “brincadeira” consiste em comprar, vender, açoitar pessoas negras escravizadas. É desumano, nojento, estarrecedor. É CRIMINOSO! 👇🏿
A @unegrobrasil… pic.twitter.com/QHi8oaaSOi
— Orlando Silva (@orlandosilva) 24 de maio de 2023
“A própria existência de algo tão bizarro à disposição nas plataformas mostra a urgência de regulação do ambiente digital”, acrescentou o relator do PL das Fake News.
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