Johnny Depp brilha em Cannes 2023
Selecionado para abrir a 76ª edição do Festival de Cinema de Cannes, o filme de Maïwenn, Jeanne du Barry, faz uma abordagem ousada e ousada ao relatar a vida e a tumultuada jornada de Jeanne Vaubernier, a favorita da corte do rei francês Luís XV (Johnny Depp). Impulsionada por sua ambição de escapar da pobreza, Jeanne emprega seus encantos para cativar homens influentes, chamando a atenção do próprio rei. O filme retrata lindamente seu encontro de amor à primeira vista, reacendendo o entusiasmo de Luís XV pela vida e levando à controversa decisão de fazer de Jeanne sua favorita oficial. O escândalo que se seguiu destaca os preconceitos e as expectativas da sociedade da época, com a presença de Jeanne na Corte causando rebuliço na aristocracia.
Depp é a presença mais notável em Jeanne du Barry, retornando às telonas após um hiato de três anos após um julgamento altamente divulgado envolvendo sua ex-esposa Amber Heard. Depp sai de sua zona de conforto para atuar e falar em francês e, embora seja verdade que suas falas são escassas, ele soa autêntico até mesmo para os ouvidos francófonos. O ator de 57 anos não mostra sinais de ferrugem. Ele apresenta uma performance clássica de Depp, provando mais uma vez que atuar vai além de simplesmente pronunciar palavras, mas também envolve expressões faciais, movimento dos olhos e presença corporal. Ainda assim, os fãs de Piratas do Caribe podem ver alguma semelhança entre Louis XV de Jeanne du Barry e Jack Sparrow atuando como juiz em Stranger Tides.
Em Jeanne du Barry, Maïwenn dirige, escreve e atua como a heroína titular, um sinal de que ela se preocupa muito com este projeto. O filme retrata Jeanne como uma mulher astuta navegando em um mundo dominado por homens poderosos, quebrando destemidamente as normas sociais e traçando seu caminho. Este aspecto do filme reflete a audácia e a vontade de Maïwenn de desafiar as convenções em Cannes e em outros lugares. Não se pode ignorar a polêmica em torno da própria diretora. A conturbada relação do artista com a imprensa, principalmente o incidente envolvendo uma suposta agressão a um jornalista, ensombrou a recepção do filme. No entanto, é importante separar o artista da arte e avaliar o filme por seus próprios méritos.
Infelizmente, o filme falha em fornecer uma compreensão abrangente de por que Jeanne se torna tão indispensável para o rei Luís XV. Embora seus encantos e fascínios sejam evidentes, o filme falha em aprofundar suas qualidades excepcionais, reduzindo sua personagem a uma bela mulher que lê livros e conhece palavras incomuns. Esse descuido deixa uma lacuna em retratar o significado de Jeanne e prejudica a exploração do filme de sua ascensão ao poder. Outra das deficiências do filme reside na sua estrutura narrativa. A escolha estilística de contar com saltos no tempo cria uma experiência desconexa, com o filme lembrando uma colagem de vinhetas que nem sempre se conectam perfeitamente. Essa abordagem dificulta a imersão do público na história, impedindo uma apresentação completa do personagem e das motivações de Jeanne.
Em conclusão, Jeanne du Barry é um filme que evoca reações mistas. Claro, mostra aspectos da ousadia do diretor, e o elenco é perfeito principalmente. Além de Depp, vale citar La Borde, de Benjamin Lavernhe, e Adélaïde, de India Hair, entre outras atuações. Ainda assim, o filme falha em oferecer uma exploração convincente do significado de seu protagonista. Acima de tudo, deixa muito à imaginação, o que é totalmente inesperado, considerando que a protagonista é uma cortesã.
PONTUAÇÃO: 6/10
Como explica a política de revisão da ComingSoon, uma pontuação de 6 equivale a “Decente”. Ele falha em atingir todo o seu potencial e é uma experiência comum.