Jovem internada após cheirar pimenta deixa UTI e responde a estímulos, diz mãe

Jovem internada após cheirar pimenta deixa UTI e responde a estímulos, diz mãe

A jovem trancista Thais Medeiros, de 25 anos, deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e está respondendo a estímulos, informou sua mãe, Adriana Medeiros, à CNN, nesta segunda-feira (1º).

Thais está internada em Goiás desde fevereiro por conta de uma reação alérgica grave que teve após cheirar um pote de pimenta-bode em conserva.

Adriana informou que o quadro clínico de sua filha está bem, mas ela seguirá tratando, por cerca de dez dias, duas bactérias pelas quais se infectou.

“Provavelmente, depois desses 10 dias, se ela estiver forte, a gente vai para a reabilitação. Para ir para a reabilitação, ela tem que estar forte, porque ficou muito debilitada, muitos remédios”, disse.

A mãe ainda acrescentou que a filha já está respondendo a estímulos e dando sinais: “Ela já está acordando, já está bem esperta. Já mexe a cabeça, ela me procura. Ela já dá muitos sinais maravilhosos.”

Entenda o caso

NO CNNo namorado de Thais, Matheus Lopes de Oliveira, contou que os dois estavam em casa almoçando com a família quando a companheira teria cheirado uma pimenta-bode e começou a passar mal.

Conforme o relato, Thais, que é asmática, teve falta de ar e precisou ser levada às pressas para o hospital. Chegando ao local, a mulher teve de ser reanimada pelos médicos.

A CNN ouviu especialistas para entender o que pode ter ocasionado a reação alérgica grave na jovem.

Na avaliação do neurocirurgião e professor livre docente do Hospital das Clínicas de São Paulo fernando gomesa trancista pode ter sido vítima de uma reação cruzada – quando há uma resposta imunológica a produtos diferentes, mas com componentes semelhantes.

O neurocirurgião aponta também a possibilidade de um elemento não identificado ter causado um choque anafilático, a forma mais grave de resposta alérgica que uma pessoa pode experimentar.

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Pimenta-bode / rodrigobark/ Getty Images

“O antecedente de asma da jovem já mostra que ela tem uma predisposição a processos inflamatórios, autoimunes e até mesmo imunoalérgicos, o que pode configurar um fator de risco a mais nessa situação”, cita.

A alergista e imunologista do Hospital Albert Einstein Brianna Nicolletti ressalta que alergia a pimenta é rara, mas pode acontecer, assim como a outras especiarias, tal como noz-moscada, canela, entre outras.

“Vale lembrar que a alergia pode acontecer em qualquer momento da vida, quando ocorre uma ‘desregulação’ do sistema imunológico do entendimento do que seria normal e estranho”, elucida Nicolletti.

“Você pode desenvolver alergia em qualquer idade, mesmo já tendo ingerido (uma determinada substância) e não ter tido nenhuma alergia, pois o sistema imune está em constante transformação”, completa.

Pimenta-bode está entre as mais picantes

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a pimenta-bode é originária da região Norte do país, sendo encontrada também em abundância nas regiões Centro-Oeste e Nordeste.

Ainda de acordo com o órgão, “a pimenta-bode é extremamente aromática e saborosa, características que lhe conferem destaque entre as pimentas picantes brasileiras”.

Sua picância pode atingir 200 mil unidades Scoville (que varia entre zero e dois milhões), o que a faz ser considerada uma pimenta com ardência elevada, mais forte que as pimentas dedo-de-moça e jalapeño, segundo a Embrapa.

Os frutos apresentam em média 1,5 centímetro de comprimento e 1,5 centímetro de largura.

Como identificar uma reação alérgica grave

No caso das reações alérgicas graves, a médica indica que os sinais e sintomas surgem minutos ou poucas horas após o contato com a substância. É preciso estar atento para:

  • Vermelhidão, coceira ou inchaços na pele;
  • Tosse, chiado no peito ou falta de ar;
  • Dor de barriga, diarreia ou vômito;
  • Hipotensão (pressão baixa) e;
  • Desmaio ou sonolência.

O que fazer em casos de reação alérgica grave

Ambos os especialistas consultados pela CNN são categóricos em afirmar que o primeiro passo ao se identificar uma reação alérgica grave é procurar ajuda especializada no hospital mais próximo.

Isso porque um choque anafilático pode causar um edema de glote, que pode afetar a garganta e obstruir o fluxo de ar para os pulmões. Se não tratado rapidamente, a condição pode ser fatal.

No entanto, os médicos ouvidos reiteram que pessoas com predisposição a reações alérgicas graves costumam carregar com si uma caneta injetável de adrenalina, que deve ser aplicada quando necessário.

Além disso, manter a pessoa preferencialmente deitada, com as pernas elevadas, para facilitar a circulação sanguínea e observar seus sinais vitais são medidas imprescindíveis.

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