Justiça de SP absolve de acusação de racismo vereador que disse “é coisa de preto“ durante sessão

Justiça de SP absolve de acusação de racismo vereador que disse “é coisa de preto“ durante sessão

A Justiça de São Paulo absolveu, na quinta-feira (13), o vereador Camilo Cristófaro (Avante) do caso em que ele era acusado de racismo.

Durante uma sessão da CPI dos Aplicativos no dia 3 de maio de 2022, um áudio onde Cristófaro dizia “Não lavaram a calçada (…) é coisa de preto, né?” vazou. O vereador participava da sessão de forma online. Em julho passado, o Ministério Público de São Paulo acusou o vereador de racismo em razão do episódio.

Na decisão de quinta, o juiz Fábio Aguiar Munhoz Soares afirmou que “era necessário que ficasse devidamente comprovada nos autos não somente sua fala, mas também a consciência e a vontade de discriminar, pois, não fosse assim, e bastaria que se recortassem falas de seus contextos para que possível fosse a condenação de quem quer que fosse”.

“Se a frase foi infeliz, como admitiu o acusado, e diga-se, por outro lado, que nela não se vê vontade de discriminar, porque, repita-se, deve a frase ser interpretada no contexto em que foi proferida, e não como algo isolado ou como algo a ser interpretado em contextos diferentes numa espécie de arqueologismo jurídico”, completa o magistrado.

No ano passado, o MP argumentou, na denúncia, que, com a frase “é coisa de preto”, o vereador “depreciou e inferiorizou a coletividade de pessoas negras ao associá-la a comportamento reprovável, ratificando estereótipos raciais negativos e reforçando representações culturais derrogatórias ao manifestar desprezo por pessoas negras, praticando preconceito e discriminação”.

A denúncia se baseou no artigo 20º da Lei 7.716/1989 – “praticar, induzir ou incitar a discriminação, ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional” – que prevê pena de reclusão de dois a cinco anos e multa.

Em contato com a CNN, o Ministério Público de São Paulo disse que ainda não tomou ciência da decisão.

A equipe do vereador, por sua vez, enviou uma nota afirmando que “todos que o conhecem pessoalmente já sabiam que ele nunca teve outra intenção senão a de trabalhar pela Cidade de São Paulo como sempre foi feito, atendendo a todos, de forma igualitária, sem qualquer distinção”. “Afinal é para isso que ele foi votado e nunca deixou de cumprir o seu papel”, acrescenta a nota.

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*Com informações do Estadão Conteúdo

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