Namorado tentou forjar suicídio de vereadora de Juazeiro do Norte (CE), diz polícia
Rickson Pinto,deu um golpe “mata-leão” na vereadora Yanny Brena e depois colocou a namorada pendurada em uma corda ainda viva
Aléxia Sousa
Rio de Janeiro
A Polícia Civil do Ceará concluiu que Rickson Pinto, 27, deu um golpe “mata-leão” na vereadora Yanny Brena Alencar, 26, e depois colocou a namorada pendurada em uma corda ainda viva. Ele se suicidou em seguida. Segundo a investigação, o objetivo era simular um duplo suicídio.
Ainda de acordo com os investigadores, Rickson não aceitava o fim do relacionamento. Testemunhas relataram que Yanny estava insatisfeita e teria terminado a relação um dia antes do crime, ocorrido no último dia 3 de março.
A delegada Suerda Bezerra Ulisses disse que dois dias antes de ser encontrada morta, Yanny teve o carro interceptado por Ricksson, que a agrediu. “Naquela ocasião, ela sofreu agressões e gravou um vídeo, enviado para uma testemunha”, relatou a titular da Delegacia de Defesa da Mulher.
Ainda de acordo com a delegada, poucos dias antes do crime, Rickson procurou por uma arma de fogo. E teria pedido a familiares para que cuidassem de sua filha. “Todo esse cenário configurava para a nossa convicção de que esse caso tratava-se de feminicídio.”
O estopim, na avaliação da delegada, foi um diálogo ouvido por uma testemunha que teria sido a última pessoa a estar na casa do casal um dia antes do crime. Segundo o relato, Ricksson perguntou “E aí, o que você decidiu?”. E Yanny respondeu: “Já não queria você, e agora que você me bate, você acha que eu ainda vou querer você?”.
“Temos convicção de que essa resposta decisiva, categórica, da vítima, foi o estopim para que Ricksson praticasse o assassinato”, afirmou.
Os detalhes dos 14 laudos da Pefoce (Perícia Forense do Estado) foram apresentados pelas autoridades nesta quinta-feira (23). O perito geral do Ceará, Júlio César Torres disse que os exames mostraram que Yanny reagiu ainda viva no momento em que era colocada na corda.
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“O laudo do médico legista indica que houve uma agressão intensa contra a vítima antes da morte e que ela tentou defesa entrando em luta corporal. Havia várias lesões internas e externas. Uma das mais características foi em uma região que caracterizou como ‘mata-leão’”, explicou.
Ainda segundo o perito, o DNA de Rickson foi encontrado nas unhas de Yanny e na corda em que o corpo dela estava amarrado. A causa das mortes foi asfixia, segundo os exames.
O casal foi encontrado morto lado a lado na casa onde morava no bairro Lagoa Seca. O caso foi concluído como feminícidio seguido de suicídio. As investigações descartaram a hipótese de que uma terceira pessoa possa estar envolvida no crime.
Mais de 25 testemunhas foram ouvidas pelos investigadores do caso e analisadas mais de 60 horas de filmagens de câmeras de segurança da região onde o casal morava.
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A polícia afirma que Rickson desligou as câmeras do interior do imóvel. O aparelho deixou de registrar imagens às 17h32 de 2 de março, um dia antes da morte dos dois.
Conforme investigação, a morte de Yanny teria ocorrido por volta de meia-noite do dia 3 de março. Já a morte de Rickson entre 4 e 8 horas do dia 3.
Os vestígios apontam ainda que não havia sinais de arrombamento na residência que indicassem a presença de uma terceira pessoa no local.
Yanny era médica e exercia seu primeiro mandato como vereadora pelo PL, tendo sido eleita no pleito de 2020 com 3.956 votos, a segunda maior votação da Casa naquela disputa. Assumiu a cadeira de presidente da Câmara Municipal de Juazeiro do Norte, no início deste ano.
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Rickson Pinto se apresentava como atleta de vaquejada, mas não possuía uma ocupação fixa, conforme as investigações. Ele tinha uma filha e estava no relacionamento com Yanny desde 2020.