Questão racial foi muito silenciada, avalia historiadora
O dia 13 de maio marca 135 anos desde a abolição da escravatura no Brasil.
A efeméride, para a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz, não deve ser vista “de forma celebrativa, mas, sim, com crítica.”
Em entrevista à CNN Rádiono CNN Plural, ela afirmou que o Brasil tem uma visão palaciana sobre a abolição, que é “uma ideia equivocada.”
Ela destacou que o fim da escravidão veio por “demanda social”, não por decisão apenas da princesa Isabel: “13 de maio não pode ser celebrado de maneira palaciana.”
A historiadora reforça que a abolição no país foi conservadora, à medida que “não previu a inclusão dessas pessoas na sociedade.”
“135 anos é pouco, mas por outro lado é muito para não fazermos quase nada”, completou.
Lilia lembra que “a questão racial entrou na pauta das populações brancas muito recentemente e, infelizmente, muita gente nem queria saber e o tema foi silenciado.”
Ela defende que “precisamos contar essa história, e não de forma apagada, colocando escravizados de forma passiva aguardando a decisão da monarquia.”
“O Brasil silenciou o tema durante muito tempo”, reforçou.
De acordo com a antropóloga, “estamos falando de maiorias ‘minorizadas’ na representação, na escola, política, saúde, academia, é muito importante que a população branca atue como uma aliada antirracista.”
Lima Barreto
Lilia Schwarcz é a autora do livro “Lima Barreto – Triste Visionário” e o classifica como “um autor fundamental” do Brasil.
Ele nasceu sete anos antes da abolição e foi “o primeiro autor que fez uma literatura negra.”
“Foi jornalista, cronista, romancista, um autor completo que denunciou, no começo do século XX, as mazelas da nossa República e a questão do racismo”, disse.
A escritora afirmou que ele retratava personagens negros, com situações que tinham a ver com a população negra e, dessa forma, “nunca foi tão atual.”
“Na época, porém, ele foi apagado e desconhecido, como se faz com artistas negros”, completou.
*Com produção de Isabel Campos
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