“Se eu estivesse no Brasil, já estaria assassinado”, diz delegado da PF ameaçado pelo PCC
O delegado da Polícia Federal (PF) Elvis Secco divulgou um desabafo a amigos em aplicativo de mensagens nesta sexta-feira (28) sobre um possível retorno do México ao Brasil, a pedido da Direção da PF, e diz que “se estivesse no Brasil já estaria assassinado, assim como a família”.
“Clonaram viatura da PF para me matar em solo brasileiro! O México nunca me ofereceu risco concreto algum, estou aqui há 2 anos sem absolutamente nada de ameaça! O México tem seus cartéis e aqui nenhuma outra organização criminosa atua!”, exclamou o delegado. (leia íntegra abaixo)
O texto foi enviado a amigos próximos após a CNN revelar que a corporação solicitou que ele volte ao Brasil e se apresente até 5 de maio na corporação.
Secco, atualmente, é adido da PF até 2024 no México e está na lista de autoridades ameaçadas de morte pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). A justificativa da corporação é que o Brasil é mais seguro do que a Cidade do México para o delegado, e ofereceu que ele entre no programa de proteção.
Pessoas próximas ao investigador ficaram preocupadas com essa solicitação de retorno e fizeram um relatório, junto a Elvis Secco, omostrando que onde estão é mais seguro para ele do que no Brasil, onde o PCC atua fortemente.
O relatório foi enviado à Direção da PF, em Brasília, que analisa o pedido para saber se realmente traz o delegado de volta ou se ele fica no México.
Alvo do PCC e ameaças
O delegado Elvis Secco é conhecido entre os policiais como um dos maiores combatentes do crime organizado no Brasil e virou alvo do PCC.
O nome dele estava na mesma lista desvendada em operação da PF, no mês passado, contra 11 integrantes da facção acusados de planejar sequestrar e matar autoridades. Entre elas, estavam como o senador e ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil-PR) e o promotor Lincoln Gakiya.
No inquérito, descobriu-se que o PCC tinha dados pessoais e endereços de Secco e que a facção pretendia clonar carros da PF para assassinar o delegado.
Elvis Secco foi coordenador-geral de repressão a facções na PF e a ordem de assassinato contra ele foi motivada por vingança e partiu do sócio de Marcola, Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como Fuminho.
O criminoso, que está detido na Penitenciária Federal de Brasília, foi preso sob coordenação de Secco, em Moçambique, na África, há três anos.
Sobre o retorno ao Brasil, a CNN procurou o delegado, que preferiu não se manifestar. A CNN também pediu posicionamento da PF, que não se pronunciará sobre o caso.
Leia o desabafo do delegado Elvis Secco na íntegra
“Se estivesse no Brasil, já estaria assassinado, assim como minha família!
Clonaram viatura da PF para me matar em solo brasileiro!
México nunca me ofereceu risco algum concreto, estou aqui há 2 anos sem absolutamente nada de ameaça!
Como irá proteger um delegado jurado de morte trazendo-o para a origem da ameaça e do poder de uma organização criminosa?
Fui o CGPRE que instituiu o combate à lavagem de dinheiro do PCC como regra e os recordes históricos foram batidos!
Ninguém conhece mais da expansão do PCC pelo mundo do que eu no Brasil, só no ano passado palestrei em 3 países diferentes sobre o tema!
México tem seus cartéis e aqui nenhuma outra organização criminosa atua!
Foi com essa gestão voltada à descapitalização patrimonial que executei a prisão do Fuminho na África!
Esse assunto está pacificado administrativamente, não vou voltar!
Minha esposa está desesperada! Tomando remédio
Não serei assassinado!”
Compartilhe: