Nessa segunda-feira, dia 8 de abril, o Vaticano apresentou ao mundo o “Dignitas infinita”, um documento de quase vinte páginas que visa promover o respeito pela dignidade humana. Endossado pelo Papa Francisco, o texto se destina a mitigar as divisões internas que afligem a Igreja Católica, particularmente após os debates acalorados sobre a bênção a casais homoafetivos, que tensionaram as relações entre os segmentos conservador e progressista da instituição.

Abordagens e declarações chave

• Aborto e Gestação por Substituição: O Vaticano posiciona-se firmemente contra a gestação por substituição e o aborto, categorizando-os como antitéticos à dignidade intrínseca do ser humano. O documento expressa preocupação com a normalização do aborto na sociedade, descrevendo-a como uma “crise de moralidade muito perigosa”.
• Contra a Ideologia de Gênero: De forma inédita e explícita, a Santa Sé critica a ideologia de gênero, que o Papa Francisco descreve como uma “colonização ideológica muito perigosa”. As intervenções para mudança de sexo são vistas como potenciais ameaças à dignidade conferida no momento da concepção.
• Proteção aos Direitos LGBTQIAP+: Apesar das críticas à ideologia de gênero, o texto ressalta a importância do respeito e da proteção contra a violência e a discriminação direcionadas às pessoas LGBTQIAP+. O documento condena explicitamente a perseguição baseada na orientação sexual, com o prefeito do Dicastério, cardeal Victor Manuel Fernández, destacando a incompatibilidade de tais atitudes com os ensinamentos católicos.
• Violência de Gênero e Eutanásia: A violência de gênero recebe uma condenação categórica, assim como reafirma-se a posição contrária da Igreja à eutanásia e ao suicídio assistido, enfatizando a sacralidade da vida até o seu termo natural.

Impacto esperado

O lançamento de “Dignitas infinita” pelo Dicastério para a Doutrina da Fé não é apenas o culminar de cinco anos de esforços concentrados, mas também uma tentativa de direcionar a conversa sobre tópicos polêmicos dentro da doutrina católica. Através deste documento, o Vaticano procura uma abordagem mais equilibrada e inclusiva, tentando abraçar fiéis de diferentes orientações sexuais, enquanto mantém suas posições doutrinárias sobre questões bioéticas.

Esta nova publicação busca seguir os passos de “Fiducia Supplicans”, anteriormente elogiada por sua abordagem inovadora e amplamente consultada. Contudo, associações católicas LGBTQIAP+ manifestaram descontentamento, especialmente no que se refere aos direitos e à representação das pessoas trans, sinalizando que o debate dentro e fora da Igreja sobre essas questões está longe de ser resolvido.