Viúva de indigenista Bruno Pereira acredita que marido foi morto pelo crime organizado
Beatriz Matos, viúva do indigenista Bruno Pereira, disse acreditar que o crime organizado tem relação com a morte do marido, assassinado há um ano, em 5 de junho de 2022, no Vale do Javari, no Amazonas.
Atualmente, Beatriz é diretora do Departamento de Proteção Territorial e Povos Isolados do Ministério dos Povos Indígenas.
“Uma proposição muito importante que é essa de atenção, ao cuidado do que está acontecendo hoje nos territórios indígenas. Dessa ameaça que o crime organizado vem representando a diversos territórios indígenas. A gente acredita que o que vitimou meu marido (Bruno) e o Dom tem relação com isso. E acredito que as ameaças às lideranças indígenas no Vale do Javari continuam”, declarou.
A fala foi durante evento no Ministério da Justiça e Segurança Pública, em Brasília. A pasta lançou, nesta segunda-feira (5), a Estratégia Nacional para Migração e Reparação dos Impactos do Tráfico de Drogas sobre Populações Indígenas. A iniciativa é da Secretaria Nacional de Política sobre Drogas (Senad).
“A gente tem visto essa infiltração do crime organizado nos territórios indígenas, o recrutamento de jovens indígenas, a disponibilização de drogas em territórios. Então todas as iniciativas são muito bem-vindas”, disse Beatriz.
A viúva do indigenista disse que acredita nas investigações da PF.
“Confio muito nos advogados de assistência de acusação. Para as famílias que esperam por Justiça sempre é uma espera muito longa, um processo muito lento, moroso, mas quanto mais tempo demora a gente se angustia pela segurança no local, pelas pessoas que vivem ali (no Vale do Javari). As pessoas estão ainda em risco. Mas eu acredito que a investigação está sendo bem conduzida”, apontou.
Investimento
Nesta segunda-feira (5), o Ministério da Justiça e Segurança Pública divulgou um edital no valor de R$ 3 milhões para financiar projetos de desenvolvimento sustentável em territórios indígenas ameaçados pelo narcotráfico.
O anúncio ocorre nesta data em memória da morte de Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. A viúva de Bruno comentou o investimento.
“É muito recente ainda, doloroso (o assassinato), mas a gente sente esperança. O cenário mudou do ano passado para este. A gente fica triste que ele não está aqui vendo tudo isso, que ele sempre acreditou e lutou. Mas a gente tem ainda a possibilidade de realizar agora”.
O crime
O duplo homicídio aconteceu em junho de 2022. Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram durante uma expedição nas proximidades da terra indígena Vale do Javari, no Amazonas.
Os restos mortais foram encontrados dez dias depois. Segundo o laudo de peritos da Polícia Federal, Bruno foi atingido por três disparos. Já Dom foi baleado uma vez.
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